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Imaginem este cenário:

Sexta-feira à noite. Estão em casa sem nada para fazer e apenas concentrados na vossa má fortuna. No primeiro canal do estado a noite do fado, no segundo um filme francês intragável, na SIC novelas a deitar por fora e na TV pimba anormais da sociedade a peidarem-se em directo. Recurso seguinte: o computador. Redes sociais e e-mails com correntes de amizade e outros carregados de avisos sobre tudo e mais alguma coisa. Dá vontade de meter a cabeça dentro do forno, mas num derradeiro estertor dão um murro na mesa, pondo fim à auto comiseração. Decidem sair e beber um copo. Fazem-se à estrada de forma decidida, rumo ao primeiro sítio onde estejam em harmonia a bebida, o barulho e a companhia. Será a partir daqui que começa o vosso verdadeiro pesadelo.

Poucos quilómetros volvidos cai algo no pára-brisas, bem no vosso raio de visão. Assustam-se e quase se despistam preparando-se para encostar. Num súbito alerta interno, lembram-se daquele e-mail que leram minutos antes e que vos aconselha a nunca fazer tal coisa sob o risco de serem assaltados por alguém que provocou ostensivamente aquele “acidente”. Seguem viagem numa condução por instinto e a lamber a berma da estrada. Só no local de destino e após análise cuidada se apercebem que o obstáculo visual era um presente de um pássaro qualquer com uma forte diarreia.

Entram no espaço de diversão nocturna. Casa cheia, música alta. Próxima paragem o bar. Querem beber algo forte que espante os espíritos maus e pedem de forma decidida um whiskey. Num ápice travam o pedido. O mail do vosso melhor amigo bem que vos avisou que este tipo de casas pode eventualmente misturar uma qualquer substância na vossa bebida, sabe-se lá com que intuito. Mudam para uma cerveja... de garrafa e aberta à vossa frente.

Começam a relaxar após a segunda e deixam-se absorver pelo ambiente. Arriscam um pulo à pista de dança. No meio dos encontrões naturais encaram com o personagem mais incrível da noite. Uma miúda linda de morrer mesmo a olhar de frente para vocês e a insinuar-se (aqui mudem o género consoante a vossa preferência. Como sou homem e gosto do género oposto continuo nesta linha). Aproximam-se e dançam bem juntos durante alguns minutos. Ela diz-vos ao ouvido que vos quer levar para casa e fazer uma festinha a dois. Nem acreditam que é mesmo convosco que está a acontecer e nem pensam duas vezes até caminharem para a saída. Estão à beira de meter um pé na rua, mas a vossa consciência está a dar-vos sinais. Sabem perfeitamente (por via de coisas que leram online), que tipas destas querem drogar-vos para vos retirar órgãos vitais. Fogem para dentro e deixam o avião pendurado à porta.

Regressam ao bar, a transpirar, mas agradecidos por serem "uma pessoa avisada" dos perigos que os rodeiam. A noite está tão repleta de “quase tragédias” e começam a desenvolver uma dor de cabeça. Entretanto tinham entabulado conversa de circunstância com outra pessoa. Mal não fará se pedirem algo para aliviar a moinha. A vossa companhia de bar por acaso até tem uma aspirina perdida no bolso e de pronto a oferece. Agradecem e vão para a meter na boca. De novo, nuvens pretas no ar. “Estou de certeza à beira de mandar para o bucho uma coisa que me vai apagar pelo tempo suficiente de me violarem ou coisa que o valha”, pensam. Sabem muito bem que assim será.

A noite está mais que lixada. Voltam ao carro, e fazem uma corrida contra vocês mesmos até à porta de casa. Dão um murro no computador e ligam a televisão bem a tempo de verem o episódio do dia da Gabriela.

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