Desafio


Se me derem licença hoje gostaria de ser um pouco mais reflectivo. Prometo não repetir a maldade muitas vezes.

Por estes dias fui sujeito a um desafio: mudar diametralmente a minha vida. Podia dizer que este desafio me teria sido colocado por terceira pessoa, mas prefiro afirmar que sou eu mesmo a desafiar-me. Uma paragem para pensar um pouco sobre quem sou e tenho sido, levou-me a ver coisas das quais não gosto mesmo nada. Se por um lado tenho a plena certeza que sou, por exemplo, um pai altamente presente essa presença deixa também pouca margem de progressão a quem depende dela depende. Mais que isso, absorve-me de tal maneira que não me sobra tempo para mim próprio. Uns dirão que é bom, outros o contrário. Parte do desafio reside em encontrar por aí um meio-termo.

Fui também confrontado e até acusado de viver pouco. Vivo entre a casa e o trabalho e estou amarrado a esta rotina, há tempo tal que já nem sei como era a vida antes. De facto concordo que determinadas limitações não podem obstruir aquilo que é básico na vida que é… viver! A expressão “sair do sofá” vai ter que ganhar forma e aqui está o meu segundo desafio.

Uma outra particularidade que me foi mostrada é a de ter poucos amigos e de ser muito fechado na minha redoma. Bom, acho que os dois motivos anteriores ajudam a explicar um pouco isto. Contudo aqui eu mesmo me auto defendo com o argumento de que também não é bem assim. De facto compreendo que não se fazem amizades com muita facilidade. Pelo menos eu não. Mas os amigos que tenho são dos bons e de longa data. Outro argumento que refuta a ideia de que não convivo com pessoas sai já a seguir. Das poucas coisas que ainda faço e faço com devota paixão, é jogar Futsal com vários amigos. Atendendo ao facto de que são, no mínimo, dez elementos e que eu jogo com pelo menos dois grupos distintos, chegamos à conclusão que me cruzo e convivo com um grupo razoável de pessoas. Quem conhece estas dinâmicas sabe bem que isso significa uma ou outra cerveja pós jogo e uma ou outra conversa jogada fora.

Ainda assim o meu terceiro desafio passa mesmo por retomar as boas e velhas conversas, os bons e velhos copos, com os bons e velhos amigos.

Como o que não nos mata, torna-nos mais fortes, também me parece bem admitir que no meio de algumas contrariedades que a vida me tem dado nos últimos tempos, já estou em pleno processo de reabilitação no que diz respeito ao quarto e último desafio. Sempre me foi muito difícil ter conversas mais íntimas ou pessoais com membros da minha família. Em tempos amparava-me nos amigos de que já vos falei. Depois achei que não teriam que levar com as minhas histórias, esquecendo que os amigos também servem para isso. Hoje está a fazer-me um bem danado poder encontrar conforto nos que me são alguma coisa. Parabéns a mim!

Já vai longo e por aqui me fico nesta espécie de manifesto de Ano Novo que o não é.

A conversa a que vos habituei segue dentro de momentos.

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