O Pirómano
Numa outra vida, quando trabalhei num jornal local, herdei uma pequena coluna na página 2 dessa publicação, cujo objectivo era, qual Gil Vicente, dizer umas quantas verdades de uma forma bem disposta e mordaz, mas nunca ordinária. Gosto de pensar que a coisa me saía bem e que tinha grande aceitação dos leitores, maioritariamente assinantes. Lembro-me de receber feedback directo e indirecto sobre os conteúdos que escolhia. Como disse logo no começo, foi uma herança de um ex-colunista que assinava como Pirómano. O pseudónimo sempre me agradou e acabei por aceitá-lo como sendo efectivamente meu. Ao longo dos anos cheguei a usá-lo até para outros fins, por exemplo, para assinar comentários online de forma anónima.
Não sei sinceramente o porquê, mas hoje apeteceu-me falar disto. Nem é por saudosismo ou nostalgia. Acho que tem um pouco a ver com aquilo que a actualidade me coloca na mesa. Esteja eu a ler uma revista, a ver TV ou a fazer uma ronda pelo ciberespaço, e lá me deparo com sei lá quantos "pirómanos". No meu tempo eramos bem menos. Agora há mil e uma maneiras de atear um fogo e há pirómanos bem mais engraçados e mediáticos. Isso é bom e por causa disso vou consumindo material pirotécnico sempre que me deparo com ele. Eu mesmo, neste espaço, ateio pequenos fogos à escala minúscula de quem os lê. Entenda-se por minúsculo o veículo e não o leitor.
E para o fim guardo o momento chavão que vocês tanto gostam:
"há uma linha que separa um pirómano bem disposto, do pirómano que chama quem quer que seja de palhaço de forma gratuíta, apenas porque tem os meios"
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